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domingo, 2 de outubro de 2011

Pergunta de Geraldo Prates: tecnologia e afetos

É um privilegio responder esta pergunta a meu querido e velho amigo Geraldo com o qual passei fantásticos momentos na Bacardi-Martini. Ele gerenciava a filial comercial de Porto Alegre, vendia muito bem os vinhos e espumantes que produzíamos e fizemos laços de amizade muito estreitos e fortes.

Carinho, tradição e família contam mais que tecnologia, na elaboração de vinhos e espumantes?


Com certeza carinho, tradição e família são mais importantes que tecnologia na elaboração seja de vinhos como de espumantes.
As palavras que você usou estão intimamente ligadas já que família é um valor totalmente associado a carinho, amor, afeto e tradição está associado a experiência, tempo, gosto de fazer, convivência.
No caso do espumante, o exemplo mais marcante do afirmado acima vem da região onde tudo começou, que inspira até hoje todos nós enólogos e que de tão generosa emprestou seu nome: Champagne na França.
Conhecida como “terra das contradições” já que por estar situada na rota entre a Prússia e a França e entre o Mar Negro e o Mediterrâneo, sempre foi arrasada por conflitos e guerras, desde o século XVI sofreu pelos efeitos desta situação. Quando já no século XX imaginava que finalmente tudo se normalizava, duas guerras mundiais provocaram imensos danos. E que aconteceu com eles? Ergueram-se e hoje representam o produto mais associado e alegria, felicidade e nobreza.
Elaborar espumantes é um privilégio de poucos e a capacidade de produzir-los de qualidade resulta das três palavrinhas citadas por Geraldo: carinho, tradição e família, muito ligadas entre sim.
Escolher bem as uvas e tratar-las com carinho, produzir bons vinhos e misturar-los de forma única e transformar-los em espumantes dignos exige algo definido claramente nesta expressão: “saber fazer”. Todos sabem fazer melhor com o tempo, que ensina tudo, com dedicação e perseverança. Gostar de uma determinada atividade e permanecer nela durante anos somente é possível quando há prazer em praticar-la, quando se faz com amor, com carinho. Os anos de prática resultam em tradição que envolve a família que convive, participa, apóia e em muitos casos perpetua a atividade.
Quando isto acontece, a variável investimento passa a ser um instrumento da qualidade e não o motivo.
Há diferenças na necessidade de investimentos conforme o método de elaboração? Sim, no charmat são equipamentos, no tradicional ou champenoise é o tempo demorado de maturação.
Dinheiro e tempo disponível não bastam se não há experiência, tradição e muito amor por fazer. Com certeza estas variáveis pesam mais em qualquer atividade, cultural, artística, ou comercial.

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