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terça-feira, 22 de março de 2011

Blablablabla....


O vinho é um produto simples e natural por isso não dá para entender porque algumas pessoas acham que sempre é necessário sofisticar e complicar para ter destaque.
Em recente degustação comprovei que chega a ser cômico o esforço de algumas pessoas em descrever complicadamente a característica organoléptica de um vinho, quase patético se for tinto. Este tipo de vinho parece despertar os sentimentos mais profundos a ponto de provocar frases quase sempre incompreensíveis.
Pérolas como “este vinho tem um nariz amplo e intenso, com notas de frutas vermelhas frescas como cereja, ameixa e amora”... como é que é, qual delas?
Ou “seu aroma lembra alcatrão, café, chocolate e especiarias com um fundo tostado”...isso dói?
Ou pior ainda “este vinho na boca é superlativo, seus taninos polimerizados são envolventes, muito finos, delicados e sua acidez lática é perfeita”... dá para beber?.
Será que este vinho é bom? O que é que em definitiva estes “prêmios nobels” da enologia moderna quiseram disser ao descrever os vinhos de forma tão filosófica e aérea?
A maior virtude de todo vinho ou espumante é “se deixar beber”, agradar, ser convidativo considerando que esta sensação não é universal. As pessoas apreciam de forma diferente consagrando a velha frase “vinho bom é aquele que eu gosto” De modo geral para que um vinho agrade é necessário que não apresente defeitos graves nem componentes acima do normal, sendo que normal neste caso é teores que o paladar não rejeita.
Por exemplo: quando um vinho branco é elaborado a partir de uvas verdes sua acidez é alta, agressiva, provoca irritação da língua, o vinho não passa. Acidez normal é quando cumpre sua função de transmitir a sensação de frescor sem agredir. Quando com uvas verdes se elabora um vinho tinto, além da acidez se destacam os taninos não maduros que são aqueles que provocam a “secura da boca”, o vinho trava, é adstringente e difícil de tomar. Quando um vinho é feito com uvas em mau estado sanitário ou mal conservado tem teores de ácido acético (aquele do vinagre) acima do normal e isto provoca uma sensação desagradável na boca e no nariz. Ao final vinagre é para ser colocado na salada e não bebido.
Ou seja, as chances de um vinho agradar quando é elaborado corretamente são altas. Para descrever um vinho “bom” (porque me agradou) bastam palavras do tipo: é agradável, é fresco, é macio, é redondo, se bebe fácil, é aveludado ou desce fácil, é convidativo ou cada taça me convida a outra, gostei, etc.

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