Total de visualizações de página

sexta-feira, 31 de julho de 2009

O ciclo anual da videira - Parte 2






A poda: Quando se aproxima o fim do inverno, quase no mês de agosto, e realizada a poda da videira que é a eliminação dos galhos do ano anterior e a preparação dos futuros "carregadores". Esta poda, conhecida como "poda seca", exige conhecimentos por isso é realizada por pessoas especialmente treinadas. Neste momento se faz a primeira decisão sobre a quantidade desejada de produção por pé, lembrando que esta decisão é uma variável importantíssima para a qualidade do fruto. Uma produção média ideal por pé esta situada entre dois e três quilos conforme a variedade e a região, o que permite que a planta "alimente" adequadamente cada cacho e este consiga níveis de maturação suficientes para asegurar boa carga de açúcares e componentes da cor.
A planta não começa a brotar logo após a poda, permanece até o aumento das temperaturas.
Inicio do movimento da seiva: Um dos indícios que a brotação está proxima é o "choro" da videira representado por gotas de seiva que se desprendem das extremidades onde houve o corte feito na poda. É uma das imagens mais bonitas do ciclo.
Inicio da brotação: Aproximadamente quinze dias após o choro a videira começa lentamente a brotar, dando inicio ao ciclo vegetativo. Neste ciclo que compreende a brotação, floração, fecundação e formação do cacho, o clima desempenha um papel importantíssimo.
Brotação: É o momento mais delicado do ciclo já que possíveis geadas podem ocasionar perdas irreparáveis desde o ponto quantitativo. Durante o fim do mês de setembro e inicio de outubro o ideal é clima com temperaturas em elevação e moderadas chivas.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O excesso de carvalho


O carvalho é uma madeira nobre que permite, devido a sua moderada porosidade, a micro oxigenação do vinho, fenómeno através do qual os vinhos tintos perdem adstringência e dureza e ganham os aromas e gosto amável que lembram baunilha e chocolate. Estes aromas encantam todos os consumidores em especial os menos acostumados a beber vinhos tintos.
Na elaboração de vinhos para guarda, mais encorpados e robustos e onde a carga de taninos é fundamental para esta potencia, a fase de maturação em barricas de carvalho é quase impressindível já que é a forma mais natural de retirar "gordura" e dureza. Os grandes vinhos de Bordeaux, ao sul da França, sofrem obrigatoriamente esta passagem por madeira de pelo menos um ano, porque são muito encorpados e longevos.
Nos anos oitenta, por influência do mercado inglês (sempre ele!!) alguns países do Novo Mundo, livres das normas técnicas que vigoram no Velho Mundo, começaram a produzir vinhos com presença marcante (excessiva) de carvalho que os tornava "perfumados e agradáveis". Eram verdadeiros chás de madeira. A técnica? Em vez de barricas de carvalho, caras e demoradas, utilizavam lascas de carvalho que em contato com o vinho transmitiam algumas características olganolépticas dos vinhos de barrica a um preço infinitamente inferior. Esta moda parecia ter acabado, ou ao menos diminuído.
Que nada! Continua em vigor, agora aplicada em todos os vinhos, em especial novos, e em todos os países.
É a mediocridade tomando conta e nivelando todos os vinhos! Agora alguns produtores mais espertos do Velho e Novo Mundo abusam da madeira, escondendo defeitos e muitas vezes, virtudes.
Neste fim de semana tentei beber um vinho originário de Ribeira del Duero, uma boa região DOC da Espanha situada ao norte, logo abaixo de Rioja, que recebi de presente de um amigo .
O vinho da marca Cepa 21, colheita 2055, foi elaborado com a uva Tempranillo (a uva dos vinhos de Rioja) e tem um teor alcoólico de 15% em volume. Imaginaram a força varietal deste vinho, que se encontra escondida sob o cobertor grosso da madeira?
Foi impossível beber-lo. Ao fim do primeiro copo era tanto o gosto de madeira que nossos paladares ficaram anestesiados, sem capacidade de sentir outras características.
Que pena que ainda haja uma oferta tão forte deste tipo de vinhos! Seria tão bom destacar os aromas e sabores típicos de cada casta, de cada região, de cada país.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Curso de Espumantes em Garibaldi

No fim de semana dos dias 7 e 8 de agosto será realizado na Adega Adolfo Lona, o Curso “O mundo dos Espumantes” com uma programação muito especial que inclui degustação às cegas de espumantes nacionais e importados e jantar harmonizado na Hostaria Casacurta.

Data: Dias 07 e 08 de agosto.
Local: Adega Adolfo Lona
Horários e programação:
Sexta-feira dia 07 de agosto
16:30 hs: Saída micro ônibus de Porto Alegre
18:00 hs: Chek-in no Hotel Casacurta
19:15 hs: Recepção na adega e entrega de material
19:30 hs: Inicio do Curso - Parte I
21:30 hs: Jantar harmonizado no Casacurta
Sábado dia 08 de agosto
09:30 hs: Inicio do Curso - Parte II
12:00 hs: Visita a adega Adolfo Lona
12:30 hs: Almoço típico na Adega Adolfo Lona
Entrega de diplomas.
16:00 hs: Retorno para Porto Alegre.

Conteúdo do Curso
Origem do espumante, história, definição.
Métodos de elaboração. Geografia dos espumantes.
Prosecco, Asti, Cava, Champagne. Os espumantes no Brasil, história, situação atual, o futuro.
Duas degustações às cegas (Sexta e Sábado) de espumantes nacionais e importados como, Cava, Prosecco, Asti, cremant e champagne.
Vamos descobrir qual é cada um!!!

Preço: 1 Pessoa: R$ 381,00 - Casal: R$ 356,00
Tarifas para um grupo mínimo de 20 pessoas.

Inclui: Translado Porto Alegre - Garibaldi - Porto Alegre – Guia acompanhante, Curso e degustações, uma diária no Hotel Casacurta em quarto de casal, jantar harmonizado na Hostaria Casacurta e almoço na Adega Adolfo Lona

Forma de pagamento: Pré-pagamento com deposito bancário.

Não inclui: despesas extras, taxas e ingressos em locais turísticos e passeios não mencionados no programa, entretenimento pessoal.

Responsabilidade: A Fellini Turismo, registro EMBRATUR Nº 114830041.7, declara que o presente programa de viagem será executado em conformidade com as condições gerais estabelecidas pela Lei nº 8.078, de 11.09.90.

INFORMAÇÕES E RESERVAS: FELLINI TURISMO - (51) 3216-6312
Com Carmem

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O ciclo anual da videira - Parte 1



No ciclo anual da videira o clima desempenha um papel importantíssimo na qualidade e quantidade da uva produzida. Para entendermos melhor todas as variáveis e suas consequências vamos abordar cada uma das etapas iniciando na fase logo após a retirada da uva ou colheita. Os meses durante os quais a uva é colhida varia conforme o hemisfério e dentro deles em função da latitude.
No hemisfério sul se inicia entre Janeiro e Fevereiro e finaliza entre Março e Abril.
Já no hemisfério norte inicia entre Agosto e Setembro e finaliza entre Outubro e Novembro.
Fase do estreitamento: Logo após a colheita, a planta inicia a fase de estreitamento dos galhos e a seiva para de circular. Com as temperaturas mais baixas este fenómeno se acelera, as folhas ficam secas e com o primeiro vento, caem. A planta fica "careca" e inicia o fase de dormência ou repouso. Na figura acima mostramos as folhas secas antes de cair.
Fase de repouso: É fundamental para a recuperação da planta em relação ao esforço realizado durante a fase de maturação. Durante a fase de repouso ou dormência a planta acumula reservas através de seu sistema radicular, por isso são importantes os invernos rigorosos e longos. Na segunda figura acima vemos a planta agora sem folhas e descansando. O repouso invernal prolongado e constante, próprio de regiões com estações bem definidas, alonga a vida útil da planta e proporciona óptimas condições para que a mesma enfrente adequadamente o ciclo vegetativo que inicia com a brotação e finaliza com a maturação total.
Em regiões como o Vale de São Francisco onde as temperaturas são constantes, a dormência é provocada pela interrupção da irrigação. Neste caso a duração da fase é mais curta e por isso gera um maior desgaste da planta.
A fase de descanso no sul do Brasil vai do mês de Abril até o mês de Agosto logo após a poda que antecede o início de ciclo vegetativo.
Nestas fases descritas a planta tem uma enorme resistência às baixas temperaturas e a umidade já que não há partes "produtivas" expostas.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Consumo


O consumo anual brasileiro de vinhos é inferior a dois litros, um dos mais baixos do mundo. Esta quantidade é bem superior no Rio Grande do Sul, em especial na Serra, e vai caindo para o norte do país.
O surpreendente é que este baixo volume é a soma dos vinhos de mesa, finos e espumantes, nacionais e importados.
Muitas pessoas devido ao maior destaque do vinho na mídia, acham que o consumo cresce, o que não é verdade. Nos últimos vinte anos mudaram os “participantes”, mas não as quantidades. Hoje mais de oitenta por cento do volume de vinhos corresponde aos importados enquanto os espumantes nacionais crescem lentamente.
O Instituto Brasileiro do Vinho – IBRAVIN, entendendo que é necessário investir na imagem do produto nacional para aumentar sua participação no mercado acaba de iniciar uma campanha com o slogan: “Abra sua cabeça ao vinho brasileiro”. O emblema é um belo saca-rolha e a campanha melhorará a imagem do vinho brasileiro.
Poderemos esperar também aumento do volume consumido? Com certeza não. O motivo do baixo consumo é cultural e por tal razão difícil de alterar, por isso serão necessários repetidos anos de investimentos.
No Rio Grande do Sul o consumo na metade sul é muito baixo por falta de hábito.
Em boa parte do Nordeste o consumo de scotch durante as refeições é muito superior ao de vinho. Parece incrível, mas é um hábito muito enraizado e difícil de alterar. Nestes lugares também existe o hábito do consumo de cerveja.
Contribuem para frear o aumento de consumo as inúmeras regras que rodeiam os vinhos e espumantes que amedrontam e intimidam as pessoas. São muitas variáveis difíceis de entender: centenas de variedades de uvas, sistemas de elaboração, tipos de madeira, classes como reserva, super reserva, reservadinho, Premium e o novíssimo Ícone. Centenas de regras como temperatura de guarda, de serviço, tipo e formato de copo, possível uso do decanter, abertura antecipada ou não, harmonização de vinhos e pratos, etc. É tanta confusão na cabeça do indefesso consumidor que na grande maioria das vezes este opta pela simples e refrescante “geladinha”.
Será importante que junto a esta magnífica campanha do Ibravin haja um esforço no sentido de que enólogos, enófilos e enochatos simplifiquem o vinho e o deixem mais próximo e accessível dos consumidores.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Instrumento de trabalho...ou de tortura


O saca-rolha pode ser um instrumento de trabalho ou de tortura, conforme o modelo ou uso.
Instrumento de trabalho se tiver os atributos mínimos e for usado adequadamente e de tortura se falhar um dos itens citados.
Apesar de que a rolha nada mais é do que um pequeno cilindro de 24 mm de diâmetro por 38 a 45 mm de cumprimento, as vezes oferece certa resistência para ser retirada. Quando não se dispõe de ferramenta adequada ou habilidade em utilizá-la, observamos verdadeiras lutas corporais entre ela e a vítima que tem a missão de retirá-la. Nada mais constrangedor que estas cenas ridículas do indivíduo fazendo força, suando até aparecer a veia no pescoço ou na frente, tremendo de impotência, batendo com o punho no saca-rolha para afundá-la, no fundo da garrafa para expulsa-la, chamando o cunhado para ajudar, em fim uma tragédia. O problema é que quando se encontram no mesmo lugar um saca-rolha inadequado e uma rolha “valente” o estrago pode ser grande, para o vinho ou para a vítima de turno. É importante esclarecer que se entende como rolha valente aquela que está firmemente presa, que veda, que cumpre seu papel, elogiável. Rolha ruim é aquela que fica encharcada de vinho, mole, que sai ou afunda com muita facilidade, que não segura e deixa vazar.
Infelizmente algumas pessoas subestimam a importância do saca-rolha e adquirem exemplares até em lojas de R$ 1,99 que geralmente servem para abrir uma garrafa e depois quebram. Saem felizes destas lojas com uma sacola de sacar-rolhas de má qualidade ou de formato temível. Depois ficam apanhando. Um dos mais perigosos é o famoso bate-coxa em formato de T, que exige a força bruta como único recurso para extrair a rolha.
O nome “bate-coxa”- como há de se imaginar - provém da posição que ocupa a garrafa (entre as pernas) que ajuda para ganhar mais força. Com ele é impossível extrair a rolha com a simples ajuda do braço, sorrindo. Tem de fazer alavanca usando as coxas e os braços e muita força. Se não quiser arriscar e ser o principal protagonista de cena constrangedora, não o use. Jogue fora ou dê de presente a alguém que você “ame demais”.
Como afirmamos no inicio, o saca-rolha pode ser um instrumento de trabalho ou de tortura para você ou para o vinho.
Evite os muito sofisticados, com mecanismos complicados que geralmente vem acompanhados de um manual com mais de 100 páginas que exige a presença de pelo menos três pessoas, uma para ler, outra para interpretar o que foi lido e a última para aplicar o que os outros dois não entenderam; os que usam algum tipo de pressão pneumática ou navalhas que podem machucar ou quebrar a garrafa e os de plástico de má qualidade que estragam antes de ser utilizados. O segredo de todo bom saca-rolha se resume a duas peças: o espiral que deve ter um passo – distancia entre os anéis - perfeito para não provocar danos à rolha, ser fino e resistente para não se deformar, e o mecanismo de alavanca preciso e simples que facilite a vida do usuário.

Adstringência


Adstringência é uma sensação gustativa provocada pelos taninos contidos nos vinhos tintos. Estes componentes que são responsáveis pelo corpo ou estrutura reagem com as proteínas da boca que perde momentaneamente o poder lubrificante da saliva ocasionando a sensação conhecida como “boca seca”. São vinhos difíceis de beber, duros, ásperos.
Como já sabemos a cor dos vinhos tintos se encontra na casca já que o suco não tem cor por isso que a elaboração se faz macerando a casca no suco. A cor é formada pelos antocianos que tem a cor vermelha e são os primeiros que se incorporam ao suco, e os taninos que são os responsáveis pela estrutura, que se incorporam depois, quando o processo de fermentação está mais avançado porque são solúveis em álcool.
Quando desejamos elaborar um vinho jovem para ser consumido em pouco tempo, procuramos retirar antocianos e evitar retirar taninos. A cor não será tão estável mais os vinhos são de vida curta.
Quando elaboramos um vinho de guarda retiramos o máximo de taninos possíveis e depois os “domamos” através do uso de barricas de carvalho e do envelhecimento na garrafa, etapas que tem por finalidade amaciar o vinho e tornar os aromas mais complexos formando o desejado bouquet.
Porque encontramos excesso de adstringência em alguns vinhos tintos e como podemos diminuí-la?
O excesso de adstringência é por diversos fatores.
Uvas tintas não tão maduras contêm taninos mais verdes que são mais duros e adstringentes. Os vinhos elaborados com estas uvas exigem maior tempo de repouso.
Uvas bem maduras às quais se retira taninos em excesso na elaboração resultam em vinhos encorpados mais rebeldes desde o ponto de vista de adstringência.
Estes vinhos também merecem maior tempo de repouso.
O problema é que na corrida da venda rápida algumas cantinas tanto nacionais como estrangeiras exageram e colocam seus vinhos antes de estarem prontos para o consumo.
A solução para você que adquiriu um lote de vinho de boa qualidade mais excessivamente tânico é guardá-lo durante um tempo que dificilmente será inferior a 10-12 meses.
Nestes casos temos de fazer uso de duas verdades enológicas:
A paciência é a maior virtude de quem aprecia vinhos, e quem bebe por último bebe melhor.